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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Outra vez o que nunca tinha acontecido


Até medo disso eu tenho agora,
medo que agora seja só isso.
Melhor mesmo é fechar a porta
e fazer dessa fechadura torta uma flecha,
para lançar pra fora o meu medo.

É que ás vezes eu esqueço de agradecer,
mas hoje quero mesmo é agradecer por ter esquecido certas coisas.
E posso usar minhas lembranças lambendo minhas feridas feitas a pouco.

Até o cheiro disso eu sinto agora.
Cheio do agora e pronto pra isso.
O bom mesmo é abrir a janela
e fazer dela um horizonte.
Onde um homem mesmo longe de ser o que é,
ainda não deixou de ser quem quer.

É errado dizer que agora eu sou só erro.
Mas erro se disser que o EU agora, está errado.
Sendo assim,
posso usar minhas feridas para lamber minhas lembranças.

Tenho vivido ao extremo.
Ora exalo perfume,
ora sou um estrume.

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