Pra cima, pro alto!

Eu acabo de fechar um ponto chave, e por falar em chave,
minha porta está aberta.

Meu quarto está tão lindo!

Minhas paredes já foram verdes e eu as amadureci.
Minhas paredes já foram pretas e eu as colori.

O mundo anda colorido. E isso não tem nada haver com abraços e sorrisos.
Tem sim, com a presença do que eu preciso e por eu ser parecido com alguém.

Meu quarto está tão limpo!

Talvez por que só eu entre aqui, não vem mais aquela sujeira da rua.

Eu sou lento, sou burro, sou atrasado.

Mas saca que eu sou eu.

Não sou o que digo ser.

Ah, esqueci que você não consegue entender.

Eu naõ passo por ai por acaso

De certa maneira, nenhuma maneira errada daria certo hoje.
Com toda certeza essa certeza toda me mostrará a maneira certa a seguir.
Como posso eu querer poder. Se possuir poderes requer poses que eu não tenho e
não concordo em tê-las.

Não existe outras possibilidades, nem eu posso existir em outros. Então,
Posso ser só eu?

Eu sou o mesmo há muito tempo e nenhum tempo ruim mudará o que eu sou.
Bolas, bolhas, bombas e bombons.
Solas, folhas, sombras e pompons.
Que viagem. Eu continuo viajando.
Que bagagem. Eu sigo carregando.
Eu acordo de manhã. Que sono.
Eu aposto no amanhã. Que tolo.

O dia começa enquanto ainda está escuro.
A noite aperta quando meu ouvido não te escuta.

Auto-não-suportar-se

Tirei os óculos escuros na esperança de ver mais claro,
mas, é claro que não fez efeito algum.
Estive lá por um bom tempo, na expectativa de te ver, mas, vejam só,
Vi minha solidão outra vez.

Hoje meus pensamentos são dentes afiados e mastigam meu cérebro.

Mesmo quando o relógio da minha casa acaba a pilha,
o tempo lá fora segue em frente.
Isso me diz que eu devo estar atento com a profundidade do corte.
E não, Com o punhal em si.

Tirei minhas roupas na esperança de me ver melhor,
mas é claro que tive vergonha.
Fui embora depois de estar satisfeito de esperar,
na expectativa de não mais lembrar de você.
Mas vejam só, vi minhas lembranças aflorarem de novo.

Hoje afiei meus dentes para que eles rasgassem meus pensamentos ao meio.

Meço uma metade

Rasgar o papel pelo meio, e deixar com que ele se pareça comigo.
Sim, eu estou pelo meio.
Mas como me agrada ser esse meio.
Minha metade é quem me completa, e eu completo essa frase dizendo que:
Eu sou uma metade-inteira.
Sou só isso? Mas ser isso, é ser pouco?
Ser metade já é muito pra mim, e ter a certeza, e confirmar que,
Pela metade eu sou inteiro, já é tudo para mim.
Se eu acordo ao meio-dia, e vou dormir a meia-noite, eu vivi um dia inteiro?
Passei metade da noite pensando nisso, e cheguei a uma meia-verdade, que é essa:
Eu só sou um Eu-inteiro, quando estou acordado.
Quando eu estou dormindo, eu estou meio-morto, então, sou metade-eu.

Definitivamente não consigo ser mais que isso, mas, sou esse
Eu-metade-inteira-plena-e-compactada.

Mau-me-quer, Bem-me-faz

Viver tem me matado a cada dia.
Ultimamente ser o último tem sido uma posição considerável.
Pensar tem me feito perder a cabeça, e pensando bem,
preciso parar de pensar nisso.

Eu ando por ai medindo rua,
e elas andam mesmo compridas.
Os cães se assustam comigo.
Eu tento acalentar o medo deles,
mas, eles são decididos quando vem até mim.

Medo se transfere?

Meus passos passam por lugares apenas por passeios vãos.
E, hoje passei por mim sem cumprimentar.

Eu encontro o que nunca vi
E, não vejo o que procuro sempre.

Depois de hoje,
a vida será daqui pra frente.

Onde estão os pedestres, duras pedras?