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domingo, 9 de maio de 2010

Parto em partes

Meus olhos castanhos viam aquela água transparente se enegrecendo aos poucos
e não entendiam de onde vinha tanta falta de pureza.
O sangue sujo é menos. Porém é bem mais denso que essa pouca água limpa.
Não dói mais!
Fica até bonito assim.
O que cai limpa por um segundo e no outro segundo já está sujo de novo. 
A carne exposta mostra a parte de mim que mais sente, mas que não é vista
quase nunca.
Isso me lembra tanto.
Um catarro chato de manhã me lembra que eu tenho peito.
Uma sede constante toda tarde me lembra que eu tenho boca.
E uma insônia toda noite ruim me lembra que eu tenho olhos.
Minhas paredes me lembram que eu tenho mãos.
Minha porta me lembra que eu tenho pernas e posso ir.

Como pode isso ser eu, e eu não ter controle sobre eles?

A água continua caindo sobre esse corte bobo no dedo,
feito agora a pouco com faquinha de serra, antes que eu comesse o pão.
Isso me lembra que eu sou humano.
Será?

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